Entre os mitos que continuam perpetuando, sem qualquer embasamento científico, está a questão do possível alto uso de agrotóxicos pela cultura do tabaco. Ao contrário do que costuma ser divulgado, pesquisas baseadas em dados oficiais do SINDAG (Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Agrícola) e do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) apontam o tabaco brasileiro como o produto comercial agrícola que menos utiliza agrotóxico.
Além disso, o setor se preocupa com o descarte das embalagens de agrotóxicos que são utilizadas no tabaco e em outras culturas. O Programa de Recebimento de Embalagens Vazias de Agrotóxicos surgiu no ano 2000, antes mesmo de existir a lei que determinasse a devolução dos recipientes em 2002. Atualmente, são 2,6 mil pontos de coleta na zona rural, beneficiando 550 municípios produtores de tabaco.
Todos os produtores são orientados a utilizar o Equipamento de Proteção Individual (EPI) completo na armazenagem, no manuseio e na aplicação de agrotóxicos em qualquer cultura. Porém, apesar das campanhas de conscientização promovidas pelo SindiTabaco e pelas empresas associadas, da orientação dos técnicos envolvidos e da disponibilização do material a preço de custo, alguns produtores ainda resistem à utilização correta do EPI. Cartilhas, campanhas de mídia e seminários de conscientização fazem parte dos investimentos da indústria para reforçar a orientação técnica repassada.
A colheita do tabaco costuma acontecer entre outubro e fevereiro, dependendo da região. Neste período, não são mais utilizados agrotóxicos. A falta de informação sobre a Doença da Folha Verde do Tabaco, até mesmo em hospitais e em postos de saúde, pode gerar confusão quanto aos sintomas de intoxicação e provocar confusão. Durante a colheita, se não for utilizada a vestimenta adequada, a nicotina da planta, em contato com a pele, pode causar mal-estar nos produtores, principalmente se as folhas do tabaco estiverem umedecidas por chuva ou orvalho.
A exposição à nicotina acontece no contato da pele com a resina da planta (goma) nas folhas de tabaco durante a colheita, no desponte, no recolhimento da lavoura e no carregamento das estufas e dos galpões de cura. Por isso, o não uso de luvas e da vestimenta apropriada, associado ao calor, aumenta a chance de intoxicação. Absorvida pela pele, a nicotina é transportada até os vasos sanguíneos. Sua absorção é maior com o aumento da área exposta e com a presença de lesões na pele.
A intoxicação causada pela nicotina das folhas do tabaco e sua ocorrência pode ser prevenida com a utilização da vestimenta adequada para a colheita. Pequenas atitudes, como utilizar capa e luvas específicas, evitar colher quando as folhas estiverem molhadas e preferir os horários menos quentes do dia, possibilitam ao produtor um trabalho seguro.
O uso da vestimenta desenvolvida pela indústria evita que o produtor apresente os sintomas causados pela Doença da Folha Verde do Tabaco. A vestimenta de colheita que os produtores recebem a preço de compra pelas empresas começou a ser desenvolvida em 2009, quando o SindiTabaco contratou uma consultoria especializada para pesquisa, desenvolvimento e descrição das especificações técnicas da vestimenta.
Entre 2010 e 2011, uma segunda empresa foi contratada, desta vez para avaliar a eficácia da vestimenta, sua segurança operacional e o grau de proteção à Doença da Folha Verde do Tabaco.
Desde a década de 1970, as empresas incentivam a preservação da mata nativa e o reflorestamento para o equilíbrio ecológico, o consumo de lenha sustentável e a comercialização de excedentes como fonte de renda. O perfil das propriedades comprova este trabalho com um alto índice de cobertura florestal: 25% da área são de matas nativas e reflorestadas.
Em 2011, este trabalho se intensificou com um acordo inédito entre a cadeia produtiva do tabaco, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e o Ministério do Meio Ambiente. Áreas de produção passaram a ser monitoradas via satélite para garantir a preservação da Mata Atlântica.
A qualidade e a integridade do produto são resultados diretos da relação de proximidade entre empresas e produtores, proporcionada pelo Sistema Integrado de Produção do Tabaco (SIPT). Além de permitir que tecnologia e inovações cheguem ao campo, a parceria também permite avanços em questões como o combate ao trabalho infantil, a preservação do meio ambiente e os cuidados com a saúde e a segurança do produtor.
O Brasil é hoje o 2º maior produtor e o 1º no ranking mundial de exportações de tabaco em folha. Mesmo com os movimentos antitabagistas, o consumo continuará existindo por décadas. Por este motivo, o SindiTabaco defende a continuidade da produção do tabaco brasileiro, enquanto houver demanda, por ser fonte de renda e empregos para todo o Sul do País.
O SindiTabaco e suas empresas associadas são veementemente contra o trabalho de crianças e adolescentes, menores de 18 anos, em qualquer etapa da produção do tabaco. Em 2018, completamos 20 anos de combate ao trabalho infantil na agricultura familiar e os resultados positivos já aparecem. O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) apontou no censo de 2010 que foi na produção de tabaco nas pequenas propriedades o maior índice de redução do trabalho infantil em comparação com dados do penúltimo censo, realizado no ano 2000.
Temos ainda um caminho a percorrer para a completa erradicação do problema, mas é importante mencionar que a própria Organização Internacional do Trabalho (OIT) sediada no Brasil considera o setor um exemplo no combate ao trabalho de crianças e adolescentes, tema permanente no meio urbano e rural.
SindiTabaco não se envolve nas negociações de preço do tabaco em cumprimento à Lei nº 12.529/2011 e recomendação expressa pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), uma autarquia federal, vinculada ao Ministério da Justiça, com sede e foro no Distrito Federal, que tem como missão zelar pela livre concorrência no mercado, sendo a entidade responsável, no âmbito do Poder Executivo, por fomentar e disseminar a cultura da livre concorrência e, posteriormente, julgar cartéis e outras condutas nocivas à matéria.
A propriedade de tabaco é bastante diversificada. De acordo com a Afubra, em média, apenas 23% da área total da propriedade é utilizada para o cultivo do tabaco. A área restante é reservada para outras atividades agrícolas ou pecuárias (milho, feijão, soja, criação de animais, pastagens, açudes e florestas – nativas e de reflorestamento).
O setor desenvolve há quase três décadas o estímulo à diversificação da propriedade, com o Programa Plante Milho e Feijão Após a Colheita do Tabaco. Além disso, o setor tem firmado acordos de cooperação com o governo do Estado do Rio Grande do Sul para incentivar a irrigação e o cultivo de grãos.
A sucessão é um tema que preocupa, não apenas no âmbito do tabaco, mas na agricultura de uma forma geral, especialmente na área de alimentos. O assunto tem servido de reflexão para a indústria e a representação dos produtores. É preciso estimular a permanência do jovem no meio rural, facilitando o acesso à internet e às tecnologias, e com uma educação integral, voltada para o campo, de acordo com a realidade a qual ele está habituado.
As escolas utilizam a metodologia da Pedagogia da Alternância para a formação de Ensino Médio e Técnico em Agricultura. A parceria tem como objetivo oferecer aos jovens do campo uma oportunidade de qualificação, preparando-os para a sucessão e para o empreendedorismo. Vemos nas EFAs um bom caminho para a sucessão rural, considerando que a escola permite uma educação específica e qualificada. Algumas empresas também desenvolvem projetos na área da inclusão digital, proporcionando ao jovem acesso às tecnologias e a novos conhecimentos.
A colheita mecanizada está sendo testada por algumas empresas com o objetivo de adaptá-la à estrutura fundiária das propriedades produtoras de tabaco no país. Além disso, devem ser considerados também as diferenças de relevo e o custo dos equipamentos. Acreditamos que, em um futuro próximo, tenhamos um bom avanço neste sentido.