Os gestores e parceiros que conduzem o Programa de Aprendizagem Profissional Rural do Instituto Crescer Legal estão em permanente observação das atividades realizadas. As análises incluem verificar como está sendo o impacto na vida dos jovens aprendizes, o que deve ser mantido e o que deve ser melhorado. E, anualmente, essas e outras reflexões são debatidas em um Seminário Ampliado, que reúne representantes de todas as parcerias das ações.
Neste ano, em novembro, ocorreu o III Seminário, que foi realizado online e teve a proposta de discutir o tema “Como manter ou revitalizar os vínculos de aprendizagem diante do desafiante momento em que vivemos?”. Mais de 60 pessoas estiveram conectadas, muitas das quais eram profissionais das áreas de educação e assistência social dos municípios onde o Instituto tem atuação. O debate sobre os vínculos de aprendizagem no contexto da pandemia também contribuiu com o processo de formação continuada da equipe pedagógica, formada por aqueles que estão diretamente envolvidos com os jovens aprendizes.
Na ocasião, houve algumas manifestações de parceiros que expuseram suas opiniões e experiências. Entre os participantes, estava Ana Paula Freitas Krug, diretora da Escola General Osório, de Herveiras (RS), que relatou como foram contornadas as questões de logística enfrentadas com a pandemia, visto que muitas famílias não possuem acesso à internet. Conforme ela, foi difícil o trabalho de localizar todos os aprendizes, mas foi cumprida a meta de entregar todos os materiais do curso de gestão e empreendedorismo aos participantes. “O elo escola-família se intensificou diante das dificuldades”, ressaltou.
E as experiências da equipe do Instituto durante a pandemia foram expostas pelos educadores Adriano Emmel e Débora Berghahnn. Eles lembraram que, depois de menos de um mês de vivência presencial, houve reorganização das atividades para continuidade remota da aprendizagem. “Nas atividades remotas, planos de estudo foram entregues de forma impressa, ofertando a mesma oportunidade para todos. E a entrega e recolhimento das atividades, seguindo os protocolos de saúde necessários, acabou se tornando o momento presencial das turmas, com uma troca mais afetiva, olho no olho”, explicou Adriano.
Por sua vez, Débora acrescentou que as atividades remotas permitiram uma interação maior com a família e entes mais próximos das comunidades. “Foram criados momentos virtuais, turma a turma, de acordo com a possibilidade. Criou-se grupo de whatsapp, onde todos estão presentes, se não diretamente com o jovem, com algum familiar, considerando que alguns locais são limitados quanto ao acesso de internet e telefone”, contou. “As redes sociais também foram utilizadas para estreitar o vínculo com os jovens”, completou.
CRIATIVIDADE E VÍNCULO – Durante o evento virtual, o diretor-presidente da entidade, Iro Schünke, disse que foi preciso muita criatividade para adaptar as atividades ao momento. E Ana Paula Motta Costa, advogada, socióloga e consultora do Instituto, falou que a aprendizagem só acontece se as pessoas se sentirem vinculadas. “E como trabalhar vínculos à distância no contexto da pandemia?”, questionou, lembrando a importância de trabalhar a ressignificação do vínculo.
Por isso, o seminário teve a participação da psicóloga Francine Schutz Mentiacca, que falou sobre a construção de vínculos significativos saudáveis para questões de aprendizagem e de saúde mental. “Interesse, afeto, respeito, empatia, envolvimento, confiança e comunicação perpassam a construção do vínculo. As emoções estão conectadas com a memória, sejam elas positivas ou negativas. Por esse motivo favorecem também o processo de aprendizagem. Considerando que a maior parte dos aprendizados são construídos na relação com o outro, o vínculo é elemento essencial”, explicou.
PARA LEMBRAR – Esse foi o terceiro seminários. O primeiro ocorreu em 2018, com o tema “Trabalho Infantil: um desafio em Rede”. Em 2019, o evento abordou o Adolescer [em rede].