As inovadoras ações do Instituto Crescer Legal foram tema do Fórum de Educação no Campo, do Canal Rural, na Expointer, maior feira de exposições da América Latina, realizada em Esteio (RS). O painel teve enfoque na sustentabilidade no campo e aprendizagem como estratégia para combate ao trabalho infantil e promoção da sucessão rural. Além do Crescer Legal, houve também explanações sobre o projeto Verde é Vida, da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra).
Os objetivos e atividades do Instituto Crescer Legal foram apresentados pelo presidente Iro Schünke, e pela gerente Nádia Fengler Solf. Schünke explicou que o surgimento do Instituto em 2015 foi a culminância de um esforço iniciado há mais de duas décadas pelo setor do tabaco visando a eliminação do trabalho infantil nas propriedades rurais. “Em 1998 lançamos o programa O Futuro é Agora para evitar o uso de mão-de-obra de crianças e adolescentes nas lavouras e levar essas crianças à escola”, contou. “No começo foi um trabalho muito intenso, visando mudanças culturais, e os resultados aconteceram gradativamente e positivamente e hoje podemos dizer que todos os filhos de produtores de tabaco em idade escolar estão na escola”, salientou.
O presidente do Instituto relatou também fatos que incrementaram as ações realizadas, como a assinatura, em 2008, de um termo de compromisso com o Ministério Público do Trabalho do Rio Grande do Sul e, desde então, os produtores de tabaco precisam apresentar atestados de matrícula e frequência na escola. “Em 2011, foi criado o Programa Crescer Legal e em 2012, todos os técnicos agrícolas tiveram treinamento com a OIT (Organização Internacional do Trabalho) para orientação aos produtores atendidos”, relatou.
Segundo Iro Schünke, o Instituto Crescer Legal e seu propósito de atender os jovens rurais através da aprendizagem foi uma das melhores criações do setor na área da sustentabilidade porque os resultados estão sendo superiores aos esperados. “O que se busca é o desenvolvimento dos jovens, ofertar oportunidades para que os adolescentes desenvolvam suas habilidades e potencialidades e também, que criem projetos de vida no meio rural com possibilidades de sucessão rural”, relatou.
Por sua vez, Nádia Solf, explicou as ações implementadas. “Além de identificar a necessidade de oferecer oportunidades, foi preciso também criar um arranjo diferente para o atendimento desse adolescentes, que têm as suas necessidades de geração de renda”, explicou. Ao lembrar que, no campo, as oportunidades de profissionalização ainda são muito pequenas e em alguns lugares até o acesso ao ensino médio é difícil, o Crescer Legal optou por atender os adolescentes lá onde eles vivem. “Para isso, contamos desde 2015 com inúmeros parceiros, como os municípios e o estado, que cedem espaço físico, transporte e alimentação”, disse.
Nádia Solf lembrou também da ação das empresas de tabaco que, além de manter o Instituto, também contratam os aprendizes através da Lei da Aprendizagem. “Há contratações como jovens aprendizes, mas os adolescentes não realizam nenhuma atividade na empresa nem na lavoura, pois são contratados para que frequentem o curso de gestão e empreendedorismo, criado para atender à necessidade identificada de gestão no meio rural”, acrescentou. “A metodologia do curso foi desenvolvida pela equipe de educadores sociais do Instituto, com apoio de consultoria, e prevê a identificação dos jovens com as localidades onde vivem e o reconhecimento de possibilidades e carências de suas comunidades, implementação de ações e projetos de gestão”, explicou.
O instituto já formou 204 aprendizes e mais 132 terminarão o curso em dezembro deste ano. Para 2020, estão previstas sete turmas de 20 aprendizes cada uma, sendo seis em municípios da região central e um na região Sul do Rio Grande do Sul. Alguns aprendizes, egressos e familiares acompanharam o fórum do Canal Rural e foram convidados a se pronunciar.
Angelita Lenhardt, mãe de um aprendiz de Cerro Branco, disse que o Programa do Crescer Legal foi a melhor coisa que aconteceu na comunidade. “É muito importante um projeto que dê a oportunidade de os jovens perceberem as possibilidades na lavoura, que eles vejam que podem ficar lá, trabalhando junto com a gente”, salientou.
O aprendiz Pietro Gabriel Pereira, da turma de Cerro Branco, disse que o Programa de Aprendizagem muda o jeito de ver as coisas e mostra que é possível empreender na propriedade, auxiliando os pais a buscarem novas tecnologias e desenvolvimento. E a egressa da turma de Vera Cruz, Franciele Tornquist, ressaltou a oportunidade que recebeu do Instituto Crescer Legal após o curso, pois participa do programa Nós por Elas – A voz feminina do campo, que prevê capacitação em comunicação.
As apresentações sobre o projeto Verde é Vida, da Afubra, foram feitas pelo vice-presidente Marco Antonio Dornelles, e pelo coordenador pedagógico José Leon Macedo Fernandes. Além dos relatos sobre ações e resultados, houve testemunhos. O prefeito de Agudo, Valério Trebien, falou da parceria do município com o Verde é Vida.
A estudante Dienifer Ferreira, de Santa Cruz do Sul, e a professora Juliana Behling, falaram dos benefícios do projeto ambiental.