Nesta terça-feira, 28 de outubro, é o Dia do Produtor de Tabaco, data que foi estabelecida para que os empreendedores do campo que cultivam tabaco tenham seu trabalho enaltecido. A data foi definida na assembleia da Associação Internacional dos Produtores de Tabaco (ITGA) de 2012 e tem relação com a história do tabaco. Foi nesse dia que, em 1492, tripulantes da esquadra de Cristóvão Colombo chegaram à ilha que viria a ser Cuba e encontraram nativos em um ritual em que a fumaça das folhas queimadas era inalada através de um tubo. Oficialmente, O Dia do Produtor de Tabaco foi instalado em 2013 pelas Assembleias Legislativas do Rio Grande do Sul (Lei 14.208), de Santa Catarina (Lei 16.114) e do Paraná (Lei 17.729).
Na safra 2020/2021, 137.618 produtores foram os responsáveis pela colheita de 628.489 mil toneladas de tabaco (conforme dados da Associação dos Fumicultores do Brasil). Um desses produtores é Joel Junkherr, de São José da Reserva, interior de Santa Cruz do Sul (RS). Empreendedor que é referência pela gestão da propriedade e qualidade da produção, Joel cultiva 10 ha de tabaco, o equivalente a 180 mil plantas, juntamente com a esposa Alexandra e o filho Gustavo Henrique Junkherr. “Já cultivamos até 270 mil plantas e neste ano, por causa de uma redução na área disponível, diminuímos. Mas no ano que vem vamos voltar a plantar mais de 200 mil pés”, conta Joel.
Sempre com visão de futuro, Junkherr foi o primeiro produtor da sua região a optar pelo sistema da PI Tabaco (Produção Integrada do Tabaco), que surgiu com a adesão do SindiTabaco e de empresas afiliadas ao projeto de Produção Integrada de Produtos estabelecido pelo Governo Federal para a Certificação de diversas culturas. Nesse programa, a participação dos produtores é fundamental, tanto na aplicação das Normas Técnicas Específicas (NTE) vigentes, quanto no registro detalhado em Caderno de Campo de todos os tratos culturais e atividades realizadas na sua produção de tabaco, desde a semeadura até o envio do produto para as indústrias de beneficiamento. Além disso, e de conformidade com a normativa, os produtores são designados aleatoriamente para auditorias de terceira parte credenciadas pelo Inmetro. Trata-se, portanto, de um programa oficial do Governo Brasileiro com base em protocolos e acordos internacionais.
Como pioneiro da adesão ao PI Tabaco, em 2014 Junkherr começou a seguir a norma amparada em princípios da agricultura sustentável e anotar todos os procedimentos aplicados no campo, a partir da semeadura, produção das mudas para transplante e aplicação dos insumos e tratos culturais recomendados pela Assistência Técnica da Integradora. E a sistemática de anotações segue até a colheita e a cura do produto final. “Tem que ser tudo bem limpo, não pode ter material estranho. É tudo bem rigoroso, mas o resultado é bom porque no final dá um produto de qualidade e que tem um selo indicando que tem procedência rastreável”, explica.
Atualmente, depois de seis anos de prática neste sistema, as anotações para a PI Tabaco fazem parte da rotina na propriedade de Junkherr. “Um motivo de eu plantar tabaco é pela lucratividade, pois em áreas menores, é a cultura que mais rentabilidade dá”, afirma. Ele conta que seu filho mais velho, Gustavo Henrique, terminou o curso técnico agrícola e voltou para trabalhar com a família. “Eu fiquei na atividade dos meus pais e continuei tocando os negócios. E a parte boa é que eu investi em construções e máquinas adequadas ao tabaco e um dos meus filhos já decidiu trabalhar conosco. A gente se anima a fazer esses investimentos porque sabe que alguém vai continuar”, acrescenta.
Diversificação e meio ambiente
Os produtores de tabaco são também diversificados e cuidam do meio ambiente. A média geral das propriedades é de 13,7 hectares, dos quais 21% é destinado ao cultivo de tabaco (cultura que representa 46,4% da renda). Também, 23% da área é coberta por pastagens, 18% por milho, 15% por mata nativa, 9% por mata reflorestada, 8% por soja, 1% por feijão e 5% para outras culturas, hortaliças e frutas.
Além disso, 76% dos produtores aplicam metodologias de cultivo como plantio direto e cultivo mínimo. Aliás, Joel Junkherr é também referência em práticas conservacionistas de proteção do solo, o que lhe rendeu uma homenagem destaque na 4ª edição do Fórum Estadual de Conservação do Solo e da Água da 20ª Expodireto Cotrijal, em 2019.