A lavoura de tabaco é erroneamente colocada na lista dos produtos que mais usam agrotóxicos, pois leva pouco mais de um quilo de ingrediente ativo por hectare, quantidade muito inferior a outros produtos agrícolas
Quem produz tabaco sabe que a associação da cultura ao uso indiscriminado de agrotóxicos está errada. Isso porque, no Brasil, o tabaco é o produto agrícola comercial que menos usa agrotóxicos, com apenas 1,2 quilo de ingrediente ativo (IA) por hectare, quantidade bem inferir à usada em alimentos como o tomate, que em sua produção comercial leva 36 quilos de agroquímicos por hectare, e a batata inglesa, com mais de 28 quilos por hectare.
A associação equivocada do tabaco ao alto volume de agrotóxicos ocorre porque, no passado, havia uso maior de defensivos. Mas, investimentos das indústrias do setor em pesquisas para o desenvolvimento de produtos de alta eficiência e baixo impacto, reduziram drasticamente o uso de pesticidas. De 25 anos para cá, o trabalho conjunto entre as indústrias e os produtores diminuiu em aproximadamente 83,3% o uso de agroquímicos.
Além da percepção de quem trabalha com a cultura, a redução no uso de agrotóxicos na lavoura de tabaco é comprovada também por pesquisas realizadas por instituições públicas e privadas, como a Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da Universidade de São Paulo (Esalq/USP), a União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica) e a Faculdade de Engenharia Agrícola da Universidade de Pelotas (Ufpel). Os dados da Ufpel, por exemplo, mostram que, enquanto o tabaco usa pouco mais de 1 quilo de ingrediente ativo por hectare, em outras culturas as quantidades são muito maiores. Além dos campeões tomate e batata, a pesquisa cita o morango, com 5,5 quilos por hectare, e o pêssego, com 3 quilos/ha.
Mesmo com uso reduzido, o setor do tabaco é incansável nas ações para manter baixíssima utilização de defensivos. As indústrias aconselham os produtores com os quais mantém negócios para que usem adequadamente os EPIs e mantenham as embalagens dos agrotóxicos em locais protegidos de animais e crianças e longe de cursos de água. O presidente do Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (SindiTabaco), Iro Schünke, lembra também que os produtores integrados se comprometem a utilizar apenas produtos registrados e autorizados pelo Ministério da Agricultura e são orientados a aplicar somente as quantidades recomendadas.