Quando o cultivo de tabaco é feito em Camalhão Alto de Base Larga, há prevenção da erosão e a produtividade pode aumentar em até 20%. E a técnica não é difícil. Com uso do arado aleirador, são construídos os camalhões com as dimensões médias sugeridas: largura da base inferior de 80 a 90 centímetros, largura da crista de 30 a 40 centímetros, espaçamento entre as cristas dos camalhões de 1,20 a 1,30 metro e altura de 35 a 40 centímetros. A eficácia da técnica foi comprovada por pesquisadores da Embrapa Trigo, que avaliaram lavouras de tabaco e validaram essa tecnologia como uma prática conservacionista.
O pesquisador José Eloir Denardin, que coordenou o projeto de validação realizado em 2019, explica que o uso de camalhões na agricultura é uma técnica de manejo milenar. Porém, quando feito nas dimensões específicas, o torna uma prática agrícola diferenciada. “A tecnologia do Camalhão Alto de Base Larga condiciona fisicamente o solo na linha de plantio e se destaca pela melhoria física do solo, com benéficos no desenvolvimento das raízes e na sanidade das plantas, na produtividade da lavoura, na qualidade do tabaco colhido, na estabilidade da produção ao longo das safras e na redução da erosão, com menores perdas de água, de matéria orgânica, de corretivos, de fertilizantes e de nutrientes”, conta.
Conforme Denardin, foi observado que nas lavouras com a adoção do camalhão, o solo se torna altamente poroso, com aparência de uma esponja, propício aos fluxos de água, de ar, de calor e de nutrientes e com baixa resistência à penetração de raízes. “Além desses aspectos, a rugosidade do terreno aumenta, em muito, a retenção da água das chuvas, aumentando a infiltração de água no solo e reduzindo a enxurrada, com consequente redução de perdas por erosão e prevenção de contaminação e poluição dos sistemas ao redor das lavouras”, salienta.
Com todos esses benefícios, os estudos da Embrapa comprovaram que o camalhão alto de base larga é qualificado como prática conservacionista robusta, segura e altamente eficiente para prevenir a erosão e preservar a fertilidade do solo. “Enquanto o terraço agrícola é capaz de reter enxurradas geradas por chuvas intensas que se repetem a cada 10 a 20 anos, o camalhão é capaz de reter enxurradas produzidas por chuvas intensas que se repetem a cada 250 anos e, até mesmo, a cada 10 mil anos”, destaca o pesquisador.
Outra vantagem é a possibilidade de cultivo em terrenos de maior declive sem causar erosão. “Por todos os benefícios que gera, o camalhão alto de base larga é considerado uma tecnologia apta para imprimir caráter de sustentabilidade à agricultura praticada em pequenas propriedades rurais, localizadas, em expressiva porção, em terras de relevo acidentado”, completa José Denardin.