A crença de que os jovens do campo só aprendem trabalhar trabalhando está, aos poucos, deixando de existir. Mesmo assim, a Dra. Ana Paula Motta Costa, colunista daqui do blog Empreendedores do Campo, lembra que é preciso haver mais conscientização. Conforme, ela, as crenças de que o trabalho dignifica e de que só será possível acontecer sucessão rural aprendendo a trabalhar na terra, podem até fazer sentido para as famílias, mas os prejuízos gerados pelo trabalho infantil são enormes.
Para Ana Paula, o Programa de Aprendizagem Profissional Rural do Instituto Crescer Legal é uma alternativa eficaz para os adolescentes no meio rural porque, além de manter os adolescentes longe de atividades impróprias, oferece a opção de eles conseguirem os bens de consumo que desejam. “Os jovens são contratados pelas empresas do tabaco, urbanas, mas que destinam suas cotas de aprendizagem para sua cadeia produtiva, no meio rural. Também diferencia-se porque as atividades práticas dos jovens são realizadas distantes da agricultura ou das empresas”, explica em seu artigo.
Outro ponto destacado pela pesquisadora é o projeto pedagógico do Programa, organizado em cinco eixos que contemplam o reconhecimento da identidade individual, familiar e da propriedade, o diagnóstico do arranjo produtivo municipal e regional, a busca de parcerias comunitárias, a produção de uma intervenção na comunidade e o planejamento de um projeto. Ela lembra ainda que os jovens aprendizes têm surpreendido pela capacidade de superação, inteligência, empoderamento e apropriação do espaço onde vivem. “Por mais que nós adultos desejemos projetar melhores destinos, segundo nossos pontos de vista, quem escolhe o caminho e o modo de caminhar são eles. Do lugar de adultos, resta-nos oferecer oportunidades, alternativas, abrir janelas para o mundo”, completa.
Ana Paula Motta Costa é doutora em Direito, socióloga, mestre em Ciências Criminais e professora da Ufrgs e UniRitter. Pesquisadora há vários anos na área dos direitos das crianças e adolescentes, possui vários livros e artigos publicados em periódicos científicos. Volte à página principal deste blog e desça para ler a coluna na íntegra. Ou acesse aqui.