O Dia Nacional da Indústria, celebrado em 25 de maio, é mais uma oportunidade para lembrar a relevância que o setor ocupa na economia brasileira e a importância que os parques industriais regionais têm para o desenvolvimento e qualidade de vida das populações. Em Santa Cruz do Sul, uma série de diálogos sobre o futuro e os desafios da indústria de transformação será realizada de 23 a 25 de maio. A programação faz parte da 2ª Semana da Indústria, evento que teve sua primeira edição em 2022 e que tem sua sequência neste ano, reunindo para debate personalidades do segmento, representantes de entidades industriais e lideranças do poder público.
Para falar sobre a indústria, o Blog Empreendedores do Campo entrevistou César Antônio Cechinato, ex-diretor do Banrisul e da Metalúrgica Mor, executivo com experiência na direção e gerenciamento das áreas Comercial, Operações, Administrativa, Gestão de Pessoas e Infraestrutura. Entre os cargos públicos já ocupados por ele estão os de presidente da Associação Comercial e Industrial (ACI), vereador e secretário de Desenvolvimento Econômico e de Turismo de Santa Cruz do Sul. Cechinato, que atualmente é secretário de Meio Ambiente, Saneamento e Sustentabilidade, é uma das lideranças regionais quando o tema é desenvolvimento industrial. Na entrevista, ele falou sobre o cenário nacional e a importância do tabaco para Santa Cruz do Sul. Leia:
Quais os principais temas da 2ª Semana da Indústria e qual o objetivo do evento?
César Cechinato: A 1ª Semana da Indústria, em 2022, tinha como objetivo mostrar a importância da indústria de transformação para nossa região, estado e País. Há muito denunciávamos o processo de desindustrialização do país. A indústria de transformação, que em meados da década de 1980 representava 27% do PIB, caiu para 11,3% em 2018, e continua caindo. Agora, na 2ª Semana da Indústria a principal pauta é a reindustrialização e a importância das reformas (tributária, administrativa, etc.) para que efetivamente ocorram. Também teremos painéis que tratam da inovação, liderança e busca de fontes de investimentos para que as nossas indústrias melhorem sua performance.
Atualmente, quais são as principais oportunidades e desafios para o setor industrial brasileiro?
César Cechinato: O pós-covid-19 desencadeou entre as empresas globais um processo de diversificação geográfica e econômica. Como o Brasil está distante dos conflitos geopolíticos temos uma excelente oportunidade para que a nossa economia volte a ter maior participação no comércio global – éramos 4% em 1980 e apenas 2,3% projetados neste ano -, desde que tenhamos uma política externa inteligente e façamos as reformas tão necessárias.
No caso de Santa Cruz do Sul, onde há um setor fabril diversificado, a cidade tem o maior polo industrial de tabaco. Qual a representatividade do tabaco para o município?
César Cechinato: Santa Cruz do Sul é uma cidade industrial. Somos o 5º PIB do Rio Grande do Sul, principalmente devido à força da nossa indústria. Temos indústrias de diversos segmentos de expressão nacional, e até internacional, que contribuem com muitos empregos e geração de renda e impostos. As empresas de beneficiamento de tabaco e produção de cigarros respondem por uma parcela significativa dos empregos e, mais de 75% do Valor Adicionado Fiscal (retorno do ICMS). E devemos lembrar ainda da amplitude da cadeia produtiva do tabaco.
Questões ambientais e sociais fazem parte da trajetória da produção de tabaco no Brasil e, em geral, as ações do setor chegaram antes das exigências legais. Qual é a importância para o setor industrial que a produção ande junto com questões ligadas à agenda ESG (Environmental, Social and Governance)?
César Cechinato: Aqui em Santa Cruz já tínhamos empresas com uma visão e missão, e principalmente gestão, voltadas ao que hoje se chama agenda ESG. O setor de tabaco sempre esteve na vanguarda mantendo uma posição de cluster mundial de excelência. Nos orgulha termos empresas que são belos exemplos aos demais setores industriais e do agronegócio.
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SAIBA MAIS:
A celebração do Dia Nacional da Indústria, 25 de maio, é uma homenagem para Roberto Simonsen, considerado o patrono da indústria nacional e que faleceu na mesma data do ano de 1948. Essa data foi instituída em 1957, pelo então presidente Juscelino Kubitschek, por meio do Decreto nº 43.769 de 21 de maio de 1958.