Pesquisa realizada pela Deloitte, a pedido do SindiTabaco, aponta que os embarques de 2020 devem apresentar queda de -2,1% a -6% no volume e de -15,1% a -20% em dólares em relação a 2019, quando foram exportadas 549 mil toneladas, totalizando US$ 2,14 bilhões. As perspectivas foram apresentadas pelo presidente Iro Schünke, durante a 62ª Reunião Ordinária da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Tabaco, realizada por videoconferência no final de outubro.
Conforme o executivo, ainda há a expectativa de manter uma boa posição no ranking brasileiro do agronegócio e também a liderança mundial das exportações de tabaco. De janeiro a setembro de 2020, o setor exportou 17% menos em volume e 32% menos em dólares na comparação com o mesmo período em 2019. “A comparação mês a mês ou trimestre a trimestre pode criar distorções. Por exemplo, no primeiro trimestre tivemos uma grande diferença em comparação com o mesmo período do ano anterior por uma razão logística do cliente. Vamos depender das condições de logística, mas nossa expectativa é de que a pesquisa se confirme”, disse.
Iro Schünke repassou também dados da Euromonitor e ITGA (Associação Mundial de Produtores de Tabaco) que apontam que 5,260 trilhões de cigarros foram consumidos em 2019, movimentando um mercado de US$ 700 bilhões. Os cigarros representam 87% do volume produzido pelas indústrias, seguido por charutos e cigarrilhas.
A reunião teve na pauta outros desafios do setor, como o avanço do mercado ilegal e a reforma tributária. Carlos Galant, executivo da Associação Brasileira de Indústrias do Fumo (Abifumo), repassou informações sobre a proposta da reforma tributária e como ela pode impactar o setor de tabaco. Como o prazo para a apresentação do relatório para a comissão mista no Congresso é 10 de dezembro, talvez a votação fique para o próximo ano. “O setor da indústria defende a redução da cumulatividade de impostos, com a simplificação dos tributos, sem aumento de carga tributária a nenhum setor”, explicou.
Conforme Galant, dificilmente o governo vai abrir mão de qualquer tipo de receita tributária. “Pelo contrário, o sentimento em Brasília é de que alguns setores serão mais penalizados em detrimento de outros e essa é a grande dúvida que paira sobre o setor do tabaco”, comentou. Os participantes da reunião concordaram em comunicar a posição da cadeia produtiva do tabaco em relação à reforma tributária à ministra Teresa Cristina, solicitando que leve o assunto ao plenário do Conselho Nacional de Política Agrícola (CNPA), bem como à Frente Parlamentar da Agropecuária e à Frente Parlamentar Mista da Agricultura Familiar.
A respeito do mercado ilegal de cigarros, Lauro Anhezini Junior, gerente Senior de Relações Governamentais da Souza Cruz, comentou que a ilegalidade no Brasil, segundo o Ibope, alcançou 57% do mercado, sendo 49% oriundos do Paraguai e 6% de empresas que não cumprem o preço mínimo. Outros assuntos da reunião foram os dados da safra 2019/2020, apresentados pelo presidente da Afubra, Benício Werner, e a agenda de mobilização do setor tendo em vista a 9ª Conferência das Partes, que será de 15 a 17 de novembro de 2021, na Holanda. O calendário das próximas reuniões da Câmara Setorial ficou definido para 15 de abril, 12 de agosto e 26 de outubro.