Diante das restrições impostas pela pandemia da Covid-19, as tecnologias passaram a ser apontadas como ferramentas fundamentais da educação para o ensino à distância. Porém, no caso de regiões rurais distantes dos centros urbanos, é sabido que não há igualdade nas possibilidades de uso da internet e telefonia. E a equipe do curso de empreendedorismo e gestão rural oferecido pelo Instituto Crescer Legal em localidades rurais de sete municípios gaúchos percebeu isso, pois a desigualdade no acesso à internet impossibilitou hipóteses como as de aulas virtuais online.
Por isso, foram buscadas alternativas e a opção encontrada foi reinventar e reorganizar o modo de transmitir os conteúdos, resultando na produção de material físico para os aprendizes estudarem em casa. E a entrega dos materiais exigiu o estabelecimento de uma logística com marcação de encontros em pontos de referência nas localidades, tudo seguindo as normas de segurança e distanciamento social. Assim, os aprendizes continuaram estimulados a saber mais sobre empreendedorismo e gestão rural, especialmente ao reconhecimento da propriedade rural e à importância de estratégias para a tomada de decisões.
Conforme a gerente do Instituto, Nádia Fengler Solf, a maneira como foi preparado o material e a entrega aos aprendizes teve o objetivo de garantir a equidade, isto é, que todos tenham as mesmas oportunidades dentro da proposta do Programa de Aprendizagem. “A equipe está focada em elaborar atividades com sequência didática e garantia de que as mesmas possam ser realizadas em casa e, também, de que os aprendizes recebam acompanhamento dentro das possibilidades de cada um”, diz. “A aprendizagem não parou graças à capacidade de adaptação dos educadores e às empresas apoiadoras, que mantiveram os contratos com os aprendizes”, conta.
OLHAR PARA A PROPRIEDADE – Parte das atividades que os aprendizes receberam para fazer em casa foram voltadas ao estudo das propriedades das famílias. Segundo a coordenadora de Desenvolvimento de Projetos, Eloísa Klein, as tarefas propostas incluem: pesquisa envolvendo leitura e diálogo com os responsáveis; levantamento histórico da propriedade; reflexão sobre tipos de propriedade; e mapeamento da unidade quanto ao perfil produtivo e à infraestrutura. “Entre as produções podemos destacar a árvore genealógica da família e o croqui da propriedade, a qual promove a visualização das potencialidades e possibilidades da propriedade”, explica.
LEMBRE – Iniciativa do SindiTabaco e suas empresas associadas, o Instituto Crescer Legal conta com o apoio e adesão de pessoas ligadas à educação e ao combate ao trabalho infantil. Já houve a formatura de 333 aprendizes contratados pelas empresas associadas ao Instituto para frequentarem o curso de empreendedorismo e gestão rural. Em 2020, são mais sete turmas no Programa de Aprendizagem, somando 141 jovens aprendizes moradores de localidades rurais dos municípios gaúchos de Boqueirão do Leão, Canguçu, Cerro Branco, Herveiras, Passo do Sobrado, Santa Cruz do Sul e Sinimbu.