Está previsto para este mês o início das ações do projeto de manejo e recuperação em remanescentes de Floresta Ombrófila Mista, aprovado pela Superintendência do Ibama/RS. A proposta foi apresentada no instituto pela professora Ana Paula Rovedder, do Departamento de Ciências Florestais da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). A expectativa é trabalhar com quebra de paradigmas, unindo restauração florestal com potencial produtivo. A iniciativa é o desdobramento de acordo assinado com o Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco e a Associação dos Fumicultores do Rio Grande do Sul, em agosto de 2011, prevendo ações para recuperação e conservação do Maciço Segredo, localizado na cidade de mesmo nome, na região Centro-Serra do Estado. Na ocasião, também foi firmado termo de compromisso para viabilizar a implantação de um sistema piloto de monitoramento de área de produção de tabaco, já em execução.
Em Segredo, nos anos de 2010 e 2011, o Ibama/RS flagrou e autuou desmatamentos ilegais na Mata Atlântica, que se destinavam à implantação de lavouras de fumo. Em um maciço de floresta remanescente do município, foram identificadas diversas manchas de desmatamentos, que serviram de alerta para a necessidade de se manter um controle mais rígido sobre a recuperação e o controle desse bioma.
Enquanto o monitoramento prevê imagens de satélite com resolução capaz de detectar alterações nas formações vegetais em trechos menores de 1 hectare até 2014, o projeto apresentado por Ana Paula Rovedder prevê a elaboração de plano de conservação de área de 150 ha, além da recuperação dos danos ambientais causados por desmatamento em zona de Mata Atlântica. Na região piloto do maciço, serão utilizadas espécies nativas da Floresta Ombrófila Mista em sistemas agroflorestais e em enriquecimento de capoeira em linhas e por nucleação. A pesquisa prevê a interação com as florestas nativas e o resgate do potencial de uso das espécies, por meio da produção de madeira, recuperação de ecossistemas e prestação de serviços ambientais.
Entre as metas da iniciativa, estão a viabilização de sistemas agroflorestais para a região, o uso de espécies nativas, a análise do desempenho das técnicas testadas como forma de mitigar impactos e a geração de tecnologias e retorno da fauna para a área recuperada. Segundo a professora, essa é a oportunidade de se ter uma área de referência no Estado quanto à recuperação de partes degradadas, não para quatro, mas para os próximos 50 anos, pois é preciso resgatar referências em longo prazo, integrando setores da sociedade.
As primeiras ações incluem limpeza da área, início de plantio em linhas e nucleação. Haverá ainda um trabalho de campo, reunindo técnicos dos órgãos e entidades envolvidos. O superintendente do Ibama/RS, João Pessoa Moreira Junior, diz que agregar a academia ao projeto de recuperação do maciço de Segredo mostrou-se a opção mais adequada, bem como a proposta de agregar a população local. A coordenação-geral é do professor da UFSM Jorge Antonio de Farias.
Fonte: Correio do Povo